AVISO AOS DESAVISADOS

A partir de hoje o In Home tem outro endereço e esse blog vai ter apenas as histórias, em capítulos. Postagens "normais" só lá (:
Aqui agora será o Somebody tell me, com as histórias que eu vou escrever. É mais fácil assim do que excluir todas as postagens daqui com os comentários e passar pra lá, não concordam? Anyway, se você é um dos raros seguidores que realmente leem o blog, o endereço novo é www.temnomenenhumtwo.blogspot.com
Beijinhos

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 6



Maria Clara foi chegando e subindo as escadas pro seu quarto. Apesar da diversão de passar a noite com o Roran, aquele tinha sido um dia meio exaustivo. E o susto daquela noite tinha contribuído bastante pra isso. Ele a tinha feito lembrar de um momento nada agradável da sua vida. Ela se lembrava até hoje daquela noite de sexta-feira. Maria Clara tinha ido até a padaria comprar leite para o resto das internatas. A rua estava cheia de gente, como de costume no dia do festival anual, mesmo que a hora já estivesse avançada então ela continuou seguindo.Mas a cada passo, sentia uma coisa estranha, algo dentro do peito que a desesperava. Assustada, apressou-se para chegar mais rápido, quando de repente escutou algo atrás de algumas latas de lixo. Olhou morrendo de medo para ver o que era e viu que um gato tinha derrubado a tampa.

- É só a minha imaginação, não tem ninguém aqui. Não vai acontecer nada comigo. Fica calma Maria Clara. - dizia ela pra si mesma tentando se acalmar

Ela continuou a andar, apressando o passo, estava no limite do medo. Foi então que viu um homem na rua andando tranquilamente. A essa altura a padaria já estava próxima, mas a multidão de gente que estava no festival já tinha se afastado. Só restava ela, o homem esquisito e a escuridão da rua. Quase correndo, Maria Clara fez de tudo pra se acalmar, mas o medo era grande demais. As mãos começaram a suar frio e suas pernas, embolando umas nas outras, não colaboravam na tentativa de aumentar sua velocidade.

Quando estava virando a esquina, o homem parou na sua frente. Os olhos de Maria Clara se aregalaram e ela ficou totalmente paralisada. Tentou ver quem era o homem mas seu rosto estava coberto com um pano escuro de modo que ele era irreconhecível. Ela tentou fazer suas pernas correrem, mas elas simplismente não obedeciam. Maria Clara então se deu um beliscão pra ver se conseguia sair do transe e começou a correr sem rumo. O homem começou a segui-la. Mas porque? Pensou ela. Se fosse apenas um ladrão, a deixaria em paz. Tinha alguma coisa horrível e estranhamente familiar naquele homem.

Quanto mais ela tentava correr rápido, parecia que diminuía o ritmo. Ela não tinha nada que pudesse parar aquele homem, nem força, nem velocidade o suficiente. Foi então que ela olhou pra trás, mas ele já havia desaparecido. Ela parou, olhou para os lados e não viu ninguém, quando de repente uma mão tocou seu ombro.
Naquele momento, todo seu corpo estremeceu. Tentou olhar para trás e ver quem era mas a idéia a deixava assustada demais.

- Oi.
- Ahh, Beth minha amiga, que susto. Aliás, que bom que é você - disse ela, reconhecendo a voz da amiga

Preocupada, Beth tinha resolvido ir atrás de Maria Clara. Ela começou a contar o acontecido para sua amiga enquanto tomavam o caminho para a padaria, mas de repente escutaram passos lentos atrás delas. Olharam pra trás para ver quem era e não viram nada. Quando voltaram o rosto pra frente, lá estava o homem. Elas ficaram se perguntando o que ele queria, porque estava perseguindo-nas sem nem as conhecer. Maria Clara fitou os olhos do homem, mas estremeceu ao ver tanta maldade numa só pessoa. Ele ficou mudo e de repente deu um empurrão em Maria Clara, que bateu a cabeça e ficou tonta, caída no chão. Ela escutou o homem dizer que teria que ser livrar de Beth, porque ela não estava não planos e estremeceu ao perceber que o homem a queria e que algo de horrível aconteceria por sua causa.

Ele deu um soco na cara de Beth, que caiu no chão. Ela começou a pedir por misericórdia, mas o homem não se importou. Pegou um ferro e foi em direção a ela, batendo na sua nuca. Beth ficou imóvel no chão. O homem olhou seus batimentos cardíacos e sorriu, ao ver que não havia mais nenhum. Quando viu que ele estava se aproximando, Maria Clara gritou. O homem veio lentamente, como se tivesse adorando ver seu desespero, levantou a mão para pegá-la . . . Foi então que um rapaz começou a gritar e correr em direção a eles. Pegou um pedaço de madeira e bateu na cabeça do homem, que caiu desmaiado.

O rapaz então foi dar assistência a Maria Clara, que logo em seguida desmaiou em seus braços . . .

QUERIA DEDICAR O CAPÍTULO DE HOJE E AGRADECER A GUILHERME PELA AJUDA :D ♥

domingo, 15 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 5



Já tinha se passado uma semana depois do acontecido, e Maria Clara já se sentia bem melhor. Isso em parte se devia às frequentes visitas de Roran, que agora tinha se tornado um dos seus melhores amigos. Os dois iam pro parque, caminhavam na praia, conversavam sobre tudo. Ela até tinha conhecido a família dele. Uma família muito simpática por sinal, que até a convidou para ir na igreja deles. Maria Clara não se sentia confortável com isso, não gostava da igreja, dessas caretices e todo aquele lance de Bíblia e de aceite a Jesus. Ela até acreditava em Deus, pouquíssimo por achar que se Ele fosse realmente bom não a deixaria sofrer tanto assim, mas acreditava. Mas de qualquer maneira, o convite lhe pareceu tão gentil e caloroso que ela acabou aceitando.

Já era quase seis e meia da tarde, e Maria Clara precisava se arrumar. Roran passaria no orfanato às sete meia para levá-la a tal igreja. Ela olhou para o seu guarda-roupa quase vazio e escolheu o vestido branco, tomara que caia. "Será que pode usar tomara que caia em igrejas?" ela pensou, mas de um jeito ou de outro, o vestiu. Ela não dispunha de muitas peças e aquele era um vestido bonito. Soltou os cabelos cacheados, calçou o sapato e sem maquiar ou se arrumar mais, desceu. E lá estava ele esperando-a.

Como em cena de filme, desceu as escadas lentamente, sentindo a cada passo o coração apertar um pouquinho de ansiedade, mas de uma calma alegria que ela sentia cada vez que via o rapaz. Antes mesmo dela descer todos os degraus, ele subiu os últimos com um enorme sorriso no rosto para buscá-la. Deu um beijo no rosto dela, e eles saíram porta afora.

- Os meus pais vão nos esperar lá. - disse Roran com um sorriso tímido

Isso significava que os dois teriam uma boa caminhada juntos e sozinhos. A brisa da noite estava tão diferente desde a última vez que Maria Clara havia saído. O ar não estava pesado, triste como aquele dia, mas dançava ao redor dos dois com uma doçura e alegria contagiantes. Uma calmaria total e os dois em silêncio.

- Err, você está...muito...linda hoje.
- Obrigada. - falou ela totalmente sem jeito.
- Clarinha, lembra daquela minha vizinha? A do cachorro?
- Não.
- Eu te contei. É aquela do menininho, o filho dela, que pos o cachorro no microondas.
- Ah, me lembro sim! - falou dando uma risada super meiga, deixando as covinhas da buchecha aparecerem.
- Pois é. Dessa vez, o muleque trouxe pra casa um filhote de jacaré. Ninguém sabe como ele conseguiu um bicho daquele, mas isso nem é o pior. Ao invés de procurar as autoridades, ele inventou de criar o jacaré. E deu pra ele uma lata de doce de leite inteira. O animal ficou com a maior "dor de barriga".
- Nossa!

E os dois caíram na risada. Até o momento, aquele era o único som que se podia ouvir, quando eles escutaram alguém vindo correndo de trás deles.

- Parados, levantem as mãos e entreguem tudo o que vocês tem!
- Olha, pode levar o celular, o dinheiro, até as roupas, mas por favor não nos machuque - disse Roran tentando arranjar um jeito de salvá-los.

O cara então começou a rir histericamente. Maria Clara olhou pra trás e viu nada mais do que um menino de uns 17 anos também. Alto, do cabelo cor de bronze, dos olhos azuis, o garoto estava bem vestido e não aparentava ser um bandido. Ele retribui o olhar, mas tudo que ela pode ver foram olhos misteriosos antes de desviar o próprio olhar. Roran também olhou para trás e abriu um sorriso ao reconhecer o garoto.

- Jack! Cara, há quanto tempo.
- Pois é, andei meio ocupado...
- Idiota, você quase me matou do coração! - gritou Clara histericamente, interrompendo o reencontro dos amigos.
- Eu não tenho culpa se você é fresca minha querida - respondeu o garoto sarcasticamente.
- Fresca? Fresca? Você nem me conhece e chega fazendo uma idiotices dessas. Por acaso você tem algum problema tem? Só pode ser débil mental.
- Antes ser débil mental do que uma patricinha como você...

Transbordando de irritação, com os olhos cheios de água por causa do susto e da raiva, Maria Clara deu um tapa no garoto e saiu andando em direção à igreja, que já aparecia na esquina.

EU SEI QUE AS IMAGENS NUNCA BATEM COM AS CARACTERÍSTICAS DOS PERSONAGENS, MAS FAZER O QUÊ? SE ALGUÉM TIVER ALGUMA QUE PAREÇA OU SE A PRÓPRIA PESSOA SE ENCAIXAR, PODEM ME ENVIAR, EU VOU AGRADECER .-.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 4



Joanne


Abriu os olhos aos primeiros raios de sol. Não tinha conseguido dormir mesmo. Eram raras as noites em que dormia, e aquela não tinha sido exceção. Desceu as escadas e olhou o apartamento ao seu redor. Era tudo tão . . . frio. Faltava calor humano ali. Desde que havia se separado do marido, Joanne havia ficado mais triste do que habitualmente era. Mas mesmo assim ela sabia que nada seria tão doloroso quanto o que ela fez. Ela era um monstro, e seu marido estava certa em deixá-la. Ela não merecia estar com ninguém.

Tomou seu suco de laranja e subiu para tomar banho. Deixou a água quente cair em seus cabelos, no seu rosto, braços, barriga . . . Uma barriga que agora ela sabia que nunca geraria um filho. Depois do mioma, o útero teve que ser retirado antes de realizar o sonho dela de ser mãe. Ao lembrar disso, lágrimas correram pelo seu lindo rosto já molhado. Ela não tinha marido, não tinha muitos amigos, não poderia ter filhos. Uma dor imensa se apossou de Joanne naquele momento, e ela se sentou no piso do banheiro, deixando a água lavar a sua alma.

Já era quase 9h00 da manhã, mas mesmo com toda a dor do mundo, ela tinha que trabalhar. Saiu do banheiro e se arrumou. Quando já estava saindo, o telefone tocou.

- Alô?
- Oi Joanne.
- Brigitte!!! - respondeu ela eufórica, reconhecendo a voz da amiga com quem não falava há algum tempo.
- Oi. Eu to ligando pra saber notícias suas, vai fazer um tempo que você não vem na igreja e nem vem aqui em casa.

Joanne se entristeceu novamente ao lembrar de tudo o que tinha acontecido nessa últimas semanas. Sentiu o coração apertar, a respiração diminuir e os olhos se encherem de água. Em toda a sua vida, só havia sentido dor semelhante uma única vez. Mas isso ela fazia de tudo pra esquecer.

- Me desculpe, é que . . . aconteceram umas . . . coisas.
- Se você precisar, sabe que pode contar comigo e com a minha família. - é, disso Joanne sabia. A família do pastor era uma família maravilhosa.
- Obrigada. Olha, porque você não vem aqui em casa? Amanhã?
- Tudo bem, eu vou. Um beijo Jô.
- Outro.

E desligaram. Ela saiu de carro. Trabalhou o dia todo, como sempre e quando já eram 20h00, voltou pra casa. Se sentou no sofá, tirou os sapatos e ligou o som. A música no começo parecia estranha. Uma melodia trágica, mais alegre. Ela não sabia discernir ao certo. Aliás, ia fazer um tempo que ela não conseguia discernir nada. Olhou pra tudo a sua volta, mas seu olhar parou no porta-retrato acima do rack do computador. Um porta-retrato vazio, que lhe trouxe um vazio maior ainda . . .

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 3


Em toda a sua vida repleta de diferentes garotas, de diferentes orfanatos, Maria Clara tinha tido pouquíssimas chances de conversar diretamente com um garoto. E nessas raras vezes, eles sempre eram esquisitos ou idiotas. Ela não conhecia Roran, não sabia se ele era como os outros, mas de alguma maneira sabia que ele era diferente. Naquele mesmo instante, sentiu uma ligação com ele que nem conseguiu explicar. Era como se ele a conhecesse, e mais ainda, a compreendesse como ninguém compreendia. Ela se sentiu cúmplice dele, como se ele tivessem vivenciado as mesmas experiências. Foi então que em seus devaneios, notou que ele esperava por alguma reação, olhando ansioso pra ela.

- Eu falei alguma coisa que te ofendeu? - perguntou ele
- Não, não, porque?
- Você ficou toda esquisita.
- Olha, me desculpa. Eu sei que você não tem culpa dos meus problemas e que eu não devia ter sido tão rude, mais é que eu realmente não estou muito bem, e eu prefiro não falar nada. - disse Clarinha tentando achar uma maneira de se desculpar e ser mais doce com o garoto
- Tudo bem então.

Mas ele não foi embora. Uns 10 minutos depois, Maria Clara se levantou e saiu andando em direção ao orfanato. Roran se levantou também, e continuou andando ao lado dela. Quando chegou na porta do orfanato, os dois pararam. No vento frio e calmo da noite silenciosa, os dois se olharam profundamente. E ficaram lá, parados em silêncio, por longos 60 segundos.

- Porque você fez isso tudo sem nem ao menos me conhecer?
- Eu não sei.
- Muito obrigada.
- Olha, se você precisar, me liga. Eu sou filho de um dos pastores que veio hoje, e provavelmente vou voltar amanhã. Vamos fazer um trabalho com todas as garotas do orfanato, então . . .
- Tudo bem. Mais uma vez obrigada.
- De nada.

Os dois se olharam mais uma vez, e Maria Clara se virou para entrar.

- Maria Clara! - disse Roran
- Oi?

Ele foi se aproximando dela. A cada passo, o coração de Maria Clara também acelerava. O estômago se revirou, as mãos começaram a suar e a respiração ficou irregular. Ele olhou pra ele e seus lindos olhos castanhos vindo em sua direção e se deu conta do quanto ele era lindo. Tão maravilhoso. Mas ela se recusou a pensar assim, não o conhecia. Porque estava tão encantada por ele? Não devia. Mas ao mesmo tempo não fazia nada pra mudar isso. Ele finalmente parou perto do rosto dela e lhe beijou. Um doce beijo no rosto.

- Boa noite.

E ele saiu pela porta, deixando-a lá em pé . . .

CONTINUA

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 2



A cada passo que Maria Clara dava, seu coração disparava cada vez mais. Ela só podia estar sonhando. Nunca imaginou ver aquela mulher daquele jeito um dia. Mas era ela. E quanto mais ela se aproximava, mais ela tinha certeza. Ela viu uma luz vindo da mulher, e a trilha sonora que sempre vinha à sua memória ecoou em seus ouvidos mais uma vez. Foi então que tudo se apagou.

- Maria Clara, meu bem, acorde, vamos lá. - disse Gertrude fazendo com que ela acordasse.
Vagarosamente, ela foi abrindo os olhos, tentando ter certeza de onde estava, se tudo não tinha passado de um sonho. Mas ao ver todas aquelas pessoas no salão do orfanato à sua volta, deu um pulo, e saiu correndo a procura da mulher. Procurou por toda a casa antiga, mas nada. Foi ao quintal, à varanda e nenhum sinal dela. Saiu então desesperada pra rua, com o olho cheio de água. Corria, tropeçando nos próprios pés e quase não enxergava de tanto chorar. Um sentimento estranho de euforia, armagura e medo ao mesmo tempo a tomou e ela já não conseguia pensar em quase nada. Sentia as pernas tremerem a medida que corria, mas tinha que saber quem era aquela mulher. Mas tudo foi em vão, ela já tinha sumido.

Desnorteada, Maria Clara continuou correndo até um parque e se sentou num banquinho. O frio da quase noite a envolveu numa tristeza tão grande, e era como se o vento pudesse entendê-la e conversar com ela. Ao poucos foi sentindo as lágrimas quentes caírem em seu rosto. Quem era a mulher e o que fazia no orfanato? De quem era aquela foto? Porque? Tudo se tornou incerto. Não conseguia respostas, por mais que tentasse. A única coisa que sabia é que a foto lhe havia sido entregue no dia do seu aniversário de quinze anos, por alguém. Alguém que podia lhe ajudar. Alguém que conhecia seu passado, que a conhecia. Mas essa alguém parecia distante, impossível de ser achado.

- Oi. - ouviu Maria Clara
- Quem é você?
- Meu nome é Roran. Eu estava no orfanato quando tudo aconteceu. Você precisa de ajuda?
- Eu não preciso de nada, vá embora! - gritou ela sem não ao menos olhar para o garoto.

Ele se sentou no banco, esperando. Quase meia hora se passou, e os dois continuaram em silêncio. Uma vez ou outra Roran olhava pra ela, mas sem retribuição. Maria Clara então se rompeu numa crise de choro, tampando o rosto com as mãos. Ele esperou até ela se acalmar e começou:

- Seja lá o que for, não pode ser tão ruim assim.
- Você não sabe quem eu sou, não sabe o que eu estou passando. Vá embora daqui! - disse Maria Clara rispidamente.

O silêncio novamente se estendeu, mas não durou muito.

- Olha, eu sei que eu nem te conheço e não tenho o direito de perguntar, mais o que foi que aconteceu? Talvez eu possa te ajudar.
- Porque você se importa tanto?
- Porque seus olhos são exatamente como os meus . . .

Ela finalmente levantou o rosto e olhou pra ele. Viu um garoto um pouco mais moreno do que ela, do cabelo castanho, alto. Ele parecia ter mais ou menos uns dezoito anos. Sim, ele era bonito. Mas o que mais chamou a sua atenção foi realmente o olhar dele. Sofredor, tímido, mas principalmente doce. Um olhar tão doce que fez Maria Clara se perder . . .

CONTINUUUUUA
ps: eu sei que a Clarinha tem o cabelo cacheado, mais eu fiz o melhor que eu pude .-.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Reencontro - Parte 1



Ela contemplava a foto como sempre fazia todos os dias. Sempre após as aulas, ia até o porão do orfanato e pegava sua caixinha. Em meio à alguns papéis velhos de cartas antigas e bilhetinhos de amigas que já haviam partido, lá estava ela, empoeirada e velha, mas com a mesma beleza que sempre deixava Maria Clara encantada. Ela não sabia quem era a linda mulher da foto, mais sonhava que ela podia ser sua mãe. Sempre a via correndo em sua direção, vindo abraçá-la, e a mesma trilha sonora ecoava em seus pensamentos.
- Maria Clara, você aqui de novo! - gritou Elda, a coordenadora do orfanato, fazendo-a guardar a caixinha imediatamente - Eu já te disse que é proibido a entrada de alunos aqui.
- Eu sei, só vim esparecer um pouco.
- Então vamos lá pra cima, antes que as outras internas se achem no direito de vir aqui também. Eu não vou te castigar mais uma vez, só que agora eu espero realmente que você não torne a repetir isso.
- Tudo bem.
Não demorou dois minutos depois de Elda ter saído, Maria Clara voltou e pegou a caixa.

Já estava dando quatro e meia, e era a hora das visitas no orfanato. Geralmente, as únicas pessoas que se importavam em visitar adolescentes abandonadas eram os pastores de igreja e presos que faziam trabalho comunitário. Nem candidatos à adoção iam até lá, uma vez que as criançinhas eram as preferidas. Mas mesmo assim, toda vez que o relógio soava as 4 horas da tarde, todas as meninas eram obrigadas a tomar banho e se arrumar para as visitas costumeiras.
Como Maria Clara não fugia à regra, terminou de vestir seu vestido vermelho, colocou uma fitinha no cabelo solto, e se olhou no espelho. Ela com certeza podia se dizer uma garota bonita, mas mesmo assim não se intitulava como tal. De cabelo cacheado, preeeeto como carvão, pele branquinha, e lábios vermelhos, ela já tinha 16 anos, e nenhuma lembrança realmente boa de sua vida. Quando tinha 6 meses foi abandonada num orfanato. Desde então, mudando de um pra outro até parar nesse, só havia conseguido 3 amigas de verdade, mas todas elas já haviam sido adotadas, menos ela. E isso a fazia ficar mais triste ainda. Todaaaas, menos ela. Afinal, o que tinha de errado nela? Nem sua mãe, nem ninguém a queria. Ela estava realmente só. A única que parecia se importar era a mulher da foto, mas ela parecia tão distante da realidade quanto um anjo.
- Clarinha meu amor, vamos. Hoje temos uma grande programação. Veio um monte de gente. - disse Gertrude, uma das professoras do orfanato. Ela sim era um doce de pessoa.

As duas desceram as escadas. Foi então que Maria Clara viu uma pessoa que sonhava em ver, mais que nunca esperava fazê-lo. Mais era verdade. Ela não estava doida, aquela era sim a mulher da foto . . .

COOOONTINUA, E GENTE, ESSA HISTÓRIA AQUI EU NÃO VOU PARAR DE CONTAR NÃO, PROMETO :D